Rubem Fonseca - O Seminarista

Literatura brasileira
Rubem Fonseca - O Seminarista - Editora Nova Fronteira - 184 páginas - Publicação 06/05/2016.

Mais um romance de Rubem Fonseca (1925-2020) no mesmo estilo de O Caso Morel (1973), Feliz Ano Novo (1975), O Cobrador (1979), A Grande Arte (1983) e Agosto (1990), entre outros dignos representantes do policial de suspense nacional. Em O Seminarista, publicado agora por uma nova editora, a Agir, Rubem Fonseca utiliza a sua narrativa em primeira pessoa, tensa e cinematográfica, juntamente com os ingredientes tradicionais de violência e sensualidade questionados por uma parcela da crítica, fato que parece nunca ter incomodado o autor do alto de seus cinco prêmios Jabuti e dois prêmios internacionais: Juan Rulfo e Camões.

Esta é a história de José, um matador de aluguel que trabalha sem remorsos, mas também sem prazer e que Fonseca apresenta claramente logo no primeiro parágrafo: "Sou conhecido como o Especialista, contratado para serviços específicos. O Despachante diz quem é o freguês, me dá as coordenadas e eu faço o serviço (...)". Na seguência são descritos os últimos "serviços" e detalhes das execuções, sempre eficientes com um tiro de pistola na cabeça das vítimas ou "fregueses" que, diga-se de passagem, têm sempre um histórico desabonador. Este profissional decide trocar de nome e se aposentar, passando a dedicar-se integralmente aos seus prazeres: livros, filmes e mulheres. Na verdade, todo o romance é pontuado por citações em latim de Horácio, Cícero, Virgílio, Petrarca e Santo Agostinho, herança da formação cultural do protagonista como seminarista.

Naturalmente que a postura impessoal do personagem tende a mudar quando ele se envolve com uma mulher misteriosa e que tem relação direta com seu passado de assassino profissional. A resenha de um livro como este não deve avançar mais sob pena de estragar a surpresa, mas posso garantir que é um livro que se lê muito rapidamente e quase sem parar.

Para saber mais sobre Rubem Fonseca, recomendo a matéria da revista online Bravo que apresenta muitos detalhes sobre a vida um tanto o quanto misteriosa do autor, como nesta parte: "Hoje José Rubem não precisa mais se isolar para escrever. Ele mora sozinho num apartamento no bairro carioca do Leblon. Um apartamento que, aos poucos, vem se transformando numa biblioteca. O escritor costuma dizer aos amigos que lê um livro por dia, e os livros vão se acumulando. De tempos em tempos, José Rubem tem que comprar uma estante nova. O filho José Henrique calcula que haja lá cerca de 8 mil livros. 'O apartamento está todo tomado de estantes, falta apenas a cozinha', diz ele."

Comentários

Susy Freitas disse…
esse é mais um autor cujas obras eu nunca me interessei em ler, sabe-se lá por quê. não é por implicância ou por não gostar mesmo, simplesmente ele nunca entrou na lista de "prioridades de leitura" (quem sabe um dia...).
e tenho que admitir que fiquei louca de vontade de passar um dia no apartamento dele, revirando os livros!
nostodoslemos disse…
Não indico para os 'Rubens' 'Sexo se aprende na cosinha' porque nunca li, mas fica a dica... quem sabe um livro para as novas estantes...

Sds,
myra disse…
ola, amigo meu, que boa noticia voce me deu, amo o Rubem Fonseca!!!!estive fora uns dias, isto é, o computer,( "hospital ) porque eu com este clima nao saio :)))
abraços
Alexandre Kovacs disse…
fdots, é sempre o eterno problema da falta de tempo contra a absurda quantidade de livros para ler, mas recomendo que você conheça pelo menos os contos de Rubem Fonseca. Siga o primeiro link da postagem que encontrará vários contos disponíveis.
Alexandre Kovacs disse…
Lígia, um comentário misterioso como o próprio Rubem Fonseca! Obrigado pela visita sempre importante.
Alexandre Kovacs disse…
Myra, com este calor nada como um bom livro acompanhado de ar condicionado e obrigado por lembrar deste blog!
myra disse…
lembro sempre, amigo meu, abraço
Gerana Damulakis disse…
Li imediatamente quando foi lançado, até resenhei no Leitora. Admiro Rubem Fonseca, inclusive creio que abriu uma estrada, atualmente com seguidores demais.
Alexandre Kovacs disse…
Cara Gerana, concordo com o que você escreveu lá na sua postagem:

"Zé é sedutor. Não se começa a ler José Rubem Fonseca impunemente. O preço é ir até o fim.

Por sinal o seu blog é muito bom mesmo!
Maria Augusta disse…
Eu o conheço muito pouco, acho que este livro seria uma boa oportunidade para conhecê-lo melhor, gostei muito da resenha que você fez. É sempre bom ver o valor dos escritores brasileiros ser reconhecido.
Um abração para você e bom carnaval.
vera maria disse…
Rubem hoje é clássico, mesmo com seus altos e baixos - esse parece ser um dos bons livros; o último que li dele - Ela e outras mulheres -, uma coletânea de pequenos contos, achei fraco e repetitivo. Mas ele é muito bom, em geral, e merece a fama e o prestígio que tem.
um abraço,
clara
Alexandre Kovacs disse…
Maria Augusta, acho que vale a pena para matar a saudade da literatura brasileira. Obrigado pela visita!
Alexandre Kovacs disse…
Clara, um prazer ler o seu comentário que resumiu bem a característica de altos e baixos do Rubem Fonseca e este é um romance da fase em alta. Obrigado pela visita!
Kovacs, otima dica. Vou ler com certeza. O Fonseca é autor da minha mais alta estima. Apesar de achar que no Romance ele as vezes perde o folego com sua tecnica de recortes e vozes sobrepostas. Acabei de ler o Caso Morel, e realmente o homem ja era um mestre nos anos 70.

abracao, Chico.
Alexandre Kovacs disse…
Chico, concordo com você que Fonseca é melhor nos contos, alguns deles verdadeiras obras de mestre sem dúvida.

Li a sua resenha sobre o "Caso Morel" que é um ponto alto na carreira de Rubem Fonseca.

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