Postagens

Mostrando postagens de março, 2007

Blues - Filho do sofrimento

Imagem
Quando os escravos negros na América do Norte inventaram o blues, com base nos versos improvisados das "work songs" nas plantações do Mississipi, toda a música popular do século XX, do Jazz ao Rock, foi radicalmente influenciada. O blues, filho do sofrimento, tem como característica principal, uma melancolia que mistura resignação e esperança, reflexo do meio social vivenciado pelos escravos no "exílio" e também canções de amores perdidos sempre com uma forte carga sensual que é típica da raça negra. Outra característica marcante é a qualidade vocal encontrada no blues. Os músicos instrumentistas procuram reproduzir a voz nos seus instrumentos. As notas parecem gemidos, gritos, sussurros etc. Estas características foram exploradas ao máximo no rock por músicos como Jimi Hendrix (1942-1970). Voltando ao início, podemos entender a necessidade da criação de uma cultura própria negra na América, pois a religião africana era proibida aos escravos e a cul

Sylvia Plath & Ana Cristina Cesar

Imagem
Na manhã de 11 de fevereiro de 1963, durante um dos piores invernos ingleses já registrados, a poeta americana Sylvia Plath serviu leite para seus dois filhos, Frieda (3 anos) e Nicholas (1 ano), quebrou a vidraça da janela para garantir a ventilação que salvaria a vida das crianças e trancou, vedando cuidadosamente, a porta do quarto. Após estas providências, foi até a cozinha e abriu a válvula de gás, colocando sua cabeça dentro do forno, não era a primeira vez que ela tentava o suicido, mas desta vez foi bem sucedida. Sylvia Plath tinha apenas 31 anos. Os principais poemas de Sylvia Plath (1932-1963) foram escritos nos seus últimos meses de vida, após a separação do marido e poeta inglês Ted Hughes, em 1962. Esses poemas foram publicados no livro “Ariel’ dois anos após sua morte. Em um de seus poemas finais, “Lady Lazarus”, incluído em “Ariel” ela escreveu profeticamente: ''Dying / is an art, like everything else. / I do it exceptionally well'' . Adi

Prêmio Nobel de Literatura - Debate

Imagem
Gostaria de transcrever abaixo o inteligente comentário do amigo Roberto na postagem sobre o prêmio Nobel de Literatura de 2006 - Orhan Pamuk e que abre um debate interessante sobre o tema (recomendo uma visita à página da Fundação Nobel com várias informações sobre o prêmio e autores premiados). "(...) Isto aqui não é uma lista de discussão, mas não posso deixar de aproveitar para colocar mais polêmica e agitação no seu Blog (ou quem sabe, podemos abrir um outro Blog para discussões de temas interessantes). Então aí vai: Podemos fazer uma analogia com a premiação do Oscar no Cinema e pensar se não seria interessante que a premiação adotasse alguns procedimentos similares como p/ex: - premiação dividida por categorias (ficção, não ficção, poesia, humor, infanto-juvenil, biografia, autor revelação, etc., e ainda, o melhor dos melhores de todas as categorias) - Divulgar os 5 que foram indicados pela pré-seleção do comitê (pela regra atual os indicados só podem ser divulgados

80 anos de poesia - Mario Quintana

Imagem
Mario Quintana (1906-1994) é o poeta que fala as coisas complexas de maneira tão simples que entendemos porque ele nasceu em corpo de homem, mas era simplesmente um passarinho.  Quintana. Mario Quintana, até o nome é pura poesia. Que fazer, a não ser seguir o conselho do próprio: " Agora, que poetas deves ler? Simplesmente os poetas de que gostares e eles assim te ajudarão a compreender-te, em vez de tu a eles. São os únicos que te convêm, pois cada um só gosta de quem se parece consigo. Já escrevi, e repito: o que chamam de influência poética é apenas confluência (Carta - Caderno H - 1973) ". Esta coletânea comemorativa dos oitenta anos do poeta e organizada por Tânia Carvalhal, foi lançada pela Editora Globo em 1986. Escolhi alguns exemplos com os quais a confluência é imediata. " As únicas coisas eternas são as nuvens... " (Epígrafe - Sapato florido - 1948) " Amar é mudar a alma de casa. " (Carreto - Sapato florido - 1948) " Os

O Idiota - Fiódor Dostoiévski

Imagem
Ler um romance de Fiódor Dostoiévski (1821-1881) é conhecer, ou até mesmo reconhecer, o lado sombrio e desesperado da humanidade. Um lado que sempre está presente (talvez oculto) em nossa alma. Ler Dostoiévski é como iniciar um passeio ao inferno que não sabemos exatamente o quanto e como nos influenciará, mas que deixará algumas marcas, como é, ou deveria ser, um dos principais objetivos de qualquer obra literária. Neste, como em todos os outros livros de Dostoiévski, as personagens interagem em situações descontroladas sempre a um passo da tragédia como no caso do jovem Raskólhnikov de Crime e Castigo , talvez sua obra mais representativa. A narrativa de O Idiota é frenética e desconcertante e tem como base a tese de que o homem bom e puro, dotado de uma compaixão verdadeiramente cristã, jamais poderá conviver em uma sociedade corrompida, tornando-se para seus semelhantes um idiota, alvo de humilhação e de aproveitadores. Para desenvolver este tema, Dostoiévski cri